Os Gémeos Digitais ocupam, à semelhança do BIM – que abordámos no artigo anterior – uma posição central no processo de gestão do ciclo de vida de um espaço ou edifício. Embora distintos, são conceitos intimamente relacionados.
Um Gémeo Digital é um modelo virtual de uma determinada entidade física, construído com recurso a meios e tecnologias digitais, computacionais e informacionais. O Gémeo Digital replica o seu congénere real podendo, até, interagir e controlá-lo remotamente, retirando dessa relação bidirecional inúmeros benefícios.
Embora a sua origem como ideia remonte ao início do século, em particular no contexto da gestão do ciclo de vida de produto, a sua aplicabilidade é hoje cada vez mais transversal e pertinente graças a inovações tecnológicas nos dispositivos de computação e comunicação.
Hoje encontramos Gémeos Digitais em áreas tão diversificadas como o design industrial, as indústrias espacial e automóvel, o urbanismo (em particular nas temáticas das Smart Cities, da sustentabilidade e da emergente IoT – Internet das Coisas) e, no que mais nos diz respeito, na construção. Nesta última, um Gémeo Digital assume-se como um modelo virtual do espaço ou edifício, construído ou planeado, (1) que com ele estabelece relações e trocas informacionais.
A utilização de um Gémeo Digital – considerado na sua definição mais lata – apresenta vários benefícios que podem ser utilizados nas diversas fases do ciclo de vida de um espaço ou edifício – designadamente nas fases de conceção, construção e operação.
1. Na conceção, um Gémeo Digital pode ser utilizado para representar um espaço ou edifício e para facilitar e agilizar a colaboração entre os diversos agentes que trabalham no mesmo modelo, a partir do qual retiram e cruzam toda a informação necessária para garantir a correta documentação e compatibilidade dos diversos projetos; e para prever e simular o comportamento desses espaços e edifícios, por exemplo, do ponto de vista estrutural e energético, auxiliando os processos de tomada de decisão.
2. Durante aexecução,um Gémeo Digital pode ser usado como instrumento de visualização,permitindo a sobreposição do modelo virtual sobre o estado atual da construção (com recurso à Realidade Aumentada),bem como uminstrumento de análise,permitindo extrair informação diversificada do modelo como materiais e processos a utilizar, informando e auxiliando a construção.
3. Finda a construção,é durante a operação que o Gémeo Digital revela todo o seu potencial,funcionando solidariamente com o seu Gémeo Real, permitindo trocas de informação bidirecionais.Com o recurso à domótica, o Gémeo Real pode ser operado e transformado remotamente; inversamente, com recurso a sensores e à IoT o Gémeo Digital pode ser monitorizado remotamente e repercutir, em tempo real, transformações ocorridas no Gémeo Real (antecipando falhas, facilitando manutenções ou fornecendo, simplesmente, dados sobre a ocupação e o desempenho do espaço ou edifício). Neste sentido, o Gémeo Digital é um processo em aberto e em permanente transformação.
A adoção e implementação do paradigma BIM, em curso no Castro Group, funcionará como uma sólida fundação para que soluções de Gémeos Digitais possam ser criadas para os edifícios e espaços por nós construídos.
Este paradigma permite-nos continuar a acrescentar valor a todas as fases do processo construtivo, da conceção à operação, com benefícios evidentes para o cliente final que poderá, assim, contar com um modelo digital capaz de maximizar e rentabilizar o seu investimento, reduzindo custos operacionais, detetando problemas antecipadamente (facilitando a sua resolução), ajudando a programar manutenções, e recolhendo informação útil sobre a ocupação e utilização dos espaços capaz de informar a gestão corrente bem como transformações futuras.
(1) Numa visão mais lata o conceito de Gémeo Digital pode ser aplicado durante as fases de conceção e construção e não apenas quando o espaço ou edifício é efetivamente construído e estabelecida uma relação plena com o correspondente digital.
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