O mais recente registo de 8 mil milhões de habitantes na Terra, lembra-nos os níveis de crescimento populacionais históricos, a mobilização da população para os centros urbanos e, consequente, os sinais alarmantes de rotura do ambiente e dos recursos. Em contrapartida, verificamos uma preocupação crescente da população com o meio ambiente, com o espaço onde habitam e trabalham, com o futuro do planeta, em suma, uma maior consciência ecológica e social de todos.
Têm surgido, nas últimas décadas, novas técnicas de construção e arquitetura que influenciam e irão influenciar cada vez mais as “construções verdes”, onde se incluem as coberturas ajardinadas, bem como os jardins e bosques verticais. Descubra, neste artigo, as diferenças entre eles, as vantagens da inclusão destas soluções nos edifícios e a sua importância para a criação de ambientes urbanos mais verdes e confortáveis.
Plantar nos telhados, terraços, varandas e paredes, é uma das últimas tendências que interliga os mundos da agronomia, da arquitetura, da engenharia, do urbanismo e da biodiversidade.
Quem acredita que esta tendência é muito recente, na verdade engana-se! Hoje, com o déficit de espaços verdes, a redução da biodiversidade e a impermeabilização acentuada dos solos, as coberturas verdes vêm trazer imensas vantagens e fazem parte de muitos projetos. Todavia, no Século XX apesar de já existir uma valorização dos espaços verdes, o seu propósito era distinto. Em 1903, em Paris, foi construído um bloco de apartamentos com terraços e jardins, em 1914, em Chicago, Frank Lloyd Wright desenhou um restaurante com um jardim na cobertura e Walter Gropius idealizou um projeto semelhante em Colónia. São estes projetos que reiniciam esta tendência ainda que somente com um propósito ornamental. Já o famoso arquiteto Le Corbusier é apontado como o primeiro a usar coberturas verdes de forma sistemática a partir dos anos 20, mas apenas dentro do contexto de construções para elite.
Hoje, as “superfícies” verdes são uma tendência em toda a Europa e tornaram-se verdadeiras “tapeçarias naturais”, que cobrem os centros urbanos. Muitos países e cidades apresentam já modelos de incentivos ou obrigatoriedade para a sua aplicação. Por exemplo, Basel, na Suíça, tem a maior área de telhados verdes per capita do mundo, graças a programas de incentivo do governo, em Estugarda, na Alemanha, cerca de um quarto de todos os telhados planos são verdes, e em Londres, 1,3 milhões de m² de telhados têm coberturas ajardinadas.
O jardim vertical é, atualmente, visto como o revestimento que une a natureza, a arquitetura e a construção. Para a sua concretização é necessário recorrer à instalação de vegetação de diferentes espécies, quer através de um suporte que as mantém distribuídas sobre uma superfície vertical, ou através de paredes verdes, conseguidas recorrendo ao uso de trepadeiras e jardinagem tradicional. Os jardins verticais, podem ser utilizados nas fachadas ou em paredes interiores e conferem um design biofílico aos locais, ao favorecer os ambientes em termos estéticos e ambientais, nomeadamente pela retenção de partículas nocivas como o CO2. Além disso, promovem o bem-estar dos seus utilizadores, pela conexão que se estabelece entre a natureza e as pessoas, melhoram a qualidade do ar e, ainda, quebram a monotonia cinza dos centros urbanos.
Já as coberturas verdes, também designadas por coberturas ajardinadas, coberturas vivas ou telhados verdes, têm ganho cada vez mais espaço nos projetos imobiliários e são uma instalação de vegetação plantada sobre um sistema de impermeabilização que é instalado no topo de um telhado de uma estrutura construída. As coberturas ajardinadas podem, ainda, ser classificadas pela sua tipologia como: extensivas, semi-intensivas ou intensivas, dependendo da profundidade do substrato, necessidade de rega, da acessibilidade ao público e de tipos de manutenção.
Por fim, temos de destacar ainda a Floresta ou Bosque Vertical, que é uma cobertura verde que se desenvolve por “patamares”, isto é, edifícios com estruturas/plataformas pensadas para a inserção de uma camada de vegetação nas fachadas. Uma fusão harmoniosa entre a arquitetura e a natureza, que permite trazer ao tecido urbano uma paisagem mais verde e natural, bem como um conjunto de vantagens tão vasto como as que elencamos acima. Desenvolvidos, por norma, a partir da inserção de árvores de diversos tamanhos e portes, arbustos e outras espécies de plantas perenes, criam verdadeiras cortinas verdes que se modificam de acordo com as estações, como ocorre na natureza.
Neste momento é já percetível que a situação pandémica alterou profundamente os paradigmas da arquitetura e da construção, nomeadamente em setores como o residencial e de escritórios. Uma dessas mudanças é precisamente o investimento em áreas verdes, contemplado para os edifícios, e que ganham forma através das possibilidades que vimos ao longo deste artigo. Deste modo, a adoção destes sistemas traz consigo um conjunto de vantagens indiscutíveis e que também respondem às preocupações ambientais dos vários players do mercado, auxiliando por exemplo, na obtenção de certificações de referência como o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design).
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