Os novos desafios do setor logístico

As empresas que operam no setor logístico, ou que dependem em larga escala do mesmo, deparam-se atualmente com um conjunto de novos desafios, mudanças, oportunidades e, até mesmo, incertezas. Se antes da pandemia da Covid-19, estas alterações já eram notórias, ainda que fosse um setor pautado pela eficiência, hoje conseguimos compreender ainda mais que a logística é um dos eixos centrais e a força motriz de qualquer economia e setor, pelo que a resiliência e a adaptação rápida são críticas.

 

De facto, o setor logístico assume igualmente uma importância crescente para o setor imobiliário, pela sua procura de novos espaços, locais mais modernos, dotados de tecnologia de ponta e em localizações de excelência. Descubra, neste artigo, os principais desafios e mudanças do setor logístico, como podem trabalhar para acompanhar esta aceleração digital, bem como a sua importância para o nosso bem-estar.

 

Um mercado de maior proximidade

 

O aumento do consumo online nos últimos anos, sobretudo acelerados pela pandemia e pelo encerramento de muitos espaços físicos durante longos períodos, obrigou a uma rápida adaptação de estruturas logísticas (à qual muitas empresas ainda não se conseguiram adequar), que vieram para ficar e, até mesmo, aprimorar. Tal como apontou a consultora McKinsey a pandemia acelerou 20 a 25 vezes a transformação digital nas empresas. Processos que, por norma, levam anos para serem implementados, como o trabalho remoto ou o uso certas de tecnologias, foram adotados em semanas.

É precisamente esta a velocidade que também a logística tem de acompanhar, pois o mercado pede, agora, adaptações e mudanças rápidas, e a logística é o elo de ligação! Assim, para acompanhar esta expansão os players do setor logístico estão a aperfeiçoar a eficiência das suas operações e a implementar soluções tecnológicas como, por exemplo, assegurando uma entrega last mile eficiente, melhorando a gestão de reclamações e devoluções, afinando a entrega cross-border (tornando as compras transfronteiriças mais fáceis e seguras), desenvolvendo plataformas logísticas próprias e ativando tecnologias de ponta, como realidade aumentada e virtual, drones para entrega, entre outros.

Setor logístico

Last mile: a logística pós-pandemia

 

last mile, ou entrega de última milha, é a etapa final do movimento de uma carga, entre o centro de distribuição e o destino final.  Ou seja, é a última etapa antes da entrega do pedido sendo que, por isso, é extramente importante para que se consiga garantir a satisfação do cliente. Na verdade, esta é a fase que teve maiores alterações durante a pandemia e que continuará a ser uma das maiores apostas das cadeias logísticas, pois a procura por entregas mais rápidas e mais eficientes veio para ficar e definir quem é escolhido pelos consumidores. De acordo com estimativas da McKinsey, a entrega no próprio dia ou quase imediata vai representar uma percentagem entre 20% a 25% do mercado em 2025, sendo expectável que cresça ainda mais posteriormente.

Setor logístico
Fonte: McKinsey

 

Assim, a procura por espaços que permitam aproximar as cadeias logísticas aos consumidores e, consequentemente a otimização do last mile, bem como a adoção de tecnologias que permitam automatizar processos, é fundamental para melhorar a posição no mercado e a fidelização de clientes.

 

Automação: logística 4.0

 

Se a digitalização, quer das empresas, quer para os consumidores, já estava em célere andamento, com a pandemia, não só ganhou mais tração, como mais importância. Foi francamente visível que as empresas que tinham apostado em tecnologias digitais foram capazes de responder mais rapidamente às exigências do mercado e absorver um maior volume de pedidos em menos tempo, mesmo em pleno confinamento. Já as empresas que estavam ou planeavam digitalizar-se e automatizar processos nos próximos anos, anteciparam esses mesmos projetos para conseguirem acompanhar os novos pedidos.

Não podemos falar de evolução no setor logístico, sem nos debruçarmos sobre as tecnologias emergentes, como a robótica ou inteligência artificial, da era 4.0, que permitem um melhor rastreamento de cargas, gestão de stocks, controlo de processos, gestão de transportes, além da relação com o cliente. Vale a pena destacar uma das conclusões do estudo, suprarreferido, da McKinsey, que aponta que três modelos de entrega que se estão a evidenciar são, precisamente, veículos terrestres autónomos com cacifos automáticos, drones e estafetas de bicicleta (uma resposta igualmente de last mile). Um caminho que vai garantir que, no futuro, 80% das encomendas sejam entregues por veículos autónomos.

Fonte: McKinsey

 

Uma forma mais verde de chegar aos consumidores

 

A par da tecnologia, a sustentabilidade é, cada vez mais, uma questão crucial para o setor. Ainda que a implementação de políticas de sustentabilidade seja acompanhada de inúmeros desafios, o aumento da poluição ambiental, sonora e de resíduos gerados pela logística, de forma global, colocam a mesma em foco no que respeita às suas responsabilidades ambientais.

Assim, a consciencialização para esta mudança é inevitável para alinhar as estratégias empresariais com a vontade dos consumidores e alcançar notoriedade. De facto, hoje as iniciativas sustentáveis precisam de se tornar reais e intrínsecas a todas as etapas da supply chain, pois só assim poderão contribuir para um ambiente mais verde. Materiais recicláveis e mais eco-friendly, programas de reciclagem inovadores, otimização de armazenamento e gestão de stocks, recorrendo a soluções tecnológicas de ponta, a aposta em processos de picking e packing mais eficientes, como o envio de camiões apenas quando totalmente carregados, bem como um melhor planeamento de rotas, para otimizar as entregas e reduzir as emissões de carbono, aliado à adoção de veículos ecologicamente corretos, são algumas das medidas primárias a implementar.

De forma complementar, as cadeias logísticas que querem estar na vanguarda do respeito pela sustentabilidade ambiental, social e humana, deverão ter em consideração ainda toda a cadeia de abastecimento, desde a forma como é obtida a matéria-prima, produção e processo de distribuição, o desenvolvimento de espaços construídos com materiais mais eficientes, a colaboração com parceiros e entidades sociais e comunitárias no desenvolvimento de programas locais e globais de sustentabilidade.

 

Setor Logístico Sustentável

É certo, assim, que centros de distribuição mais próximos, com uma aposta clara na digitalização e na sustentabilidade ganham terreno, num mundo cada mais global, mas cada vez mais preocupado localmente com as decisões tomadas pelos diferentes players operantes. Clientes satisfeitos, maior eficiência e mais transparência assume-se, em larga medida, como o novo paradigma para o setor logístico.

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