Para assinalar este dia, partilhamos este artigo com o objetivo de sensibilizar e desafiar cada um a olhar para o colega ao lado e lembrar que, muitas vezes, o que acontece fora do ambiente de trabalho tem um impacto profundo no seu bem-estar, na sua motivação e na forma como desempenha as suas funções.
Quando olhamos para um colaborador, vemos alguém empenhado em atender às necessidades da organização, cumprindo responsabilidades, objetivos e expectativas. No entanto, é fácil esquecer que por trás de cada tarefa entregue, de cada reunião realizada e de cada deadline cumprido, existe uma pessoa com uma vida rica de desafios, conquistas, ansiedades e alegrias. O ambiente de trabalho pode, por vezes, ser um lugar onde a pressão do “preciso disso para ontem” ofusca as questões pessoais e emocionais. Mas será que deveríamos ignorar esse lado tão fundamental dos colaboradores?
Os problemas de saúde mental são frequentemente invisíveis. As dificuldades emocionais e psicológicas nem sempre se manifestam de forma clara, especialmente no ambiente de trabalho, onde muitas pessoas sentem que devem “manter as aparências” e agir como se “tudo estivesse bem”, sob a premissa de que “os problemas de casa ficam em casa”. No entanto, o mal-estar emocional, seja por questões pessoais ou profissionais, inevitavelmente afeta todos os contextos em que a pessoa se insere.
Podemos não saber que um colega está a passar por dificuldades familiares, problemas de saúde ou questões financeiras, pois existe uma pressão quase cultural para manter uma identidade profissional distante da vida pessoal. Contudo, é fundamental reconhecer que o ser humano não desliga as suas diferentes dimensões como se tivesse um botão de “on” e “off”.
É crucial que as organizações promovam o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, sendo sensíveis ao facto de que os colaboradores trazem consigo as suas experiências e desafios. Se as empresas não reconhecem a totalidade das vidas dos seus colaboradores, correm o risco de perder empatia e criar um ambiente onde os trabalhadores não se sintam à vontade para partilhar as suas dificuldades e buscar o apoio de que precisam.
Como podemos então criar um ambiente de trabalho mais humanizado? Tudo começa pela empatia. É fundamental que os líderes e gestores compreendam que o bem-estar dos seus colaboradores não pode ser limitado ao espaço de trabalho. Uma liderança empática envolve escuta ativa e uma preocupação genuína com o que acontece para além do desempenho. Isso não significa invadir a privacidade de cada um, mas sim criar uma cultura de abertura onde os colaboradores se sintam à vontade para falar dos seus desafios quando necessário.
Por exemplo, a flexibilidade no trabalho, através de horários ajustáveis, trabalho remoto, disponibilidade para tratar de questões pessoais são práticas que demonstram uma compreensão de que os colaboradores têm responsabilidades fora do trabalho. Da mesma forma, disponibilizar acesso a apoio psicológico ou criar redes de apoio interno pode ser uma maneira eficaz de assegurar que os colaboradores têm os recursos necessários para lidar com os desafios pessoais.
O tema “equilíbrio entre trabalho e vida pessoal” tem sido amplamente abordado e continua a ser um dos grandes desafios organizacionais. Em muitas empresas, o foco no desempenho e nos resultados leva a longas horas de trabalho, afetando diretamente a vida pessoal dos colaboradores. No entanto, quando não existe equilíbrio, os efeitos negativos podem ser devastadores, não apenas para a saúde mental das pessoas, mas também para a empresa como um todo.
Empresas que promovem um equilíbrio saudável entre vida pessoal e profissional costumam ter colaboradores mais felizes e comprometidos e, consequentemente, mais produtivos. Quando se valoriza a pessoa como um todo, o trabalho deixa de ser uma fonte de stress e passa a ser uma parte saudável e integrada da vida.
No Dia Mundial da Saúde Mental, é essencial lembrar que os colaboradores são muito mais do que o cargo que ocupam. Eles têm vidas complexas, desafios pessoais e sonhos que vão além do local de trabalho. Criar um ambiente organizacional onde essas realidades sejam reconhecidas e respeitadas é crucial para o bem-estar das pessoas e o sucesso das empresas.
Fomentar a saúde mental significa, acima de tudo, olhar para os colaboradores como seres humanos completos, cujas vidas, mesmo que não sejam sempre visíveis, merecem atenção e apoio.