Desde 2015, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas têm servido como referência global para alinhar estratégias empresariais com prioridades sociais, ambientais e económicas. No entanto, durante anos, a sua aplicação nas empresas foi maioritariamente voluntária e, frequentemente, associada a compromissos genéricos e pouco mensuráveis.

A CSRD (Corporate Sustainability Reporting Directive) é a nova diretiva europeia que estabelece regras para o relato obrigatório de sustentabilidade por parte das empresas. Substitui e expande a anterior NFRD (Non-Financial Reporting Directive), trazendo mais rigor, comparabilidade e abrangência ao reporte não financeiro.
Pela primeira vez, esse relato passa a ser feito de forma padronizada e auditável, com base nos ESRS (European Sustainability Reporting Standards), um conjunto de normas técnicas que definem o que deve ser reportado, como deve ser apresentado e com que grau de detalhe. Esta abordagem aproxima o relato de sustentabilidade ao nível de exigência do relato financeiro, permitindo uma análise mais consistente, transparente e alinhada com as expectativas dos reguladores, investidores e demais stakeholders.
Ao abrigo da CSRD, as empresas passam a ter de divulgar:
Embora a menção direta aos ODS não seja obrigatória, muitos dos temas abrangidos pela CSRD estão diretamente alinhados com os objetivos definidos pela ONU. Por exemplo:
Muitas empresas – incluindo o Castro Group – optam por mapear os ODS relevantes à luz desta normativa, criando assim uma leitura mais acessível, alinhada com frameworks internacionais e útil para stakeholders externos (parceiros, investidores, comunidades, entidades públicas).

A CSDDD (Corporate Sustainability Due Diligence Directive) é outra peça-chave da nova legislação europeia para a sustentabilidade corporativa. Enquanto a CSRD obriga a reportar impactos com base em normas padronizadas, a CSDDD obriga a agir sobre esses impactos com base em princípios de diligência devida. Ou seja, uma foca-se na transparência da informação, a outra na responsabilidade prática e jurídica. Juntas, estas diretivas complementam-se: a CSRD pergunta “o que mede e como comunica?”, enquanto a CSDDD exige “o que faz e como evita danos?”.
Em termos simples, a CSDDD obriga as empresas a identificarem, prevenirem, mitigarem e, quando necessário, remediarem impactos negativos graves nos direitos humanos e no ambiente, em toda a sua cadeia de atividades, incluindo fornecedores diretos e indiretos.
As obrigações incluem:
A CSDDD não trata de comunicação, mas trata de conduta. E os ODS oferecem uma base sólida para agir com responsabilidade, consistência e visão global. Muitos dos riscos que a CSDDD obriga a tratar estão diretamente relacionados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, como:
Ao integrar os ODS como referência nos processos de due diligence, as empresas conseguem:

Para garantir uma transição justa e exequível, a UE está a desenvolver o VSME (Voluntary Sustainability Reporting Standard for SMEs), uma norma simplificada, destinada a PME que integram cadeias de valor de grandes empresas obrigadas pela CSRD.
As grandes empresas terão de exigir informação fiável e padronizada aos seus fornecedores, e o VSME permite responder a esse pedido de forma estruturada, mas proporcional.
O VSME será voluntário, mas altamente recomendado, especialmente para:
Ao adotarem o VSME, as PME não apenas ganham acesso facilitado a cadeias de valor mais exigentes, como também reforçam a sua credibilidade junto de parceiros que valorizam a sustentabilidade como critério de seleção.

Integrar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) no relato de sustentabilidade deixou de ser um gesto simbólico. Hoje, é uma ferramenta estratégica essencial para demonstrar impacto real, antecipar riscos, reforçar a confiança dos stakeholders e alinhar práticas empresariais com as exigências sociais, ambientais e regulatórias do presente.
A entrada em vigor da CSRD e da CSDDD representa uma nova etapa nesta evolução: exige-se coerência entre discurso, prática e resultado. E os ODS oferecem uma linguagem comum e global para dar forma e escala a essa coerência.