De facto, em Portugal, nas últimas décadas, o setor imobiliário tem passado por mudanças significativas que lhe imprimem dinamismo. É neste cenário dinâmico que temos assistido ao crescimento da procura de espaços partilhados e, ou, de uso misto, que criam comunidades mais vibrantes e sustentáveis. É, precisamente, sobre este tema, com foco nos espaços de flex living e flex working, do ponto de vista do utilizador, que nos iremos debruçar neste artigo.
A flexibilidade no setor imobiliário refere-se à capacidade de adaptação e de resposta às mudanças do mercado, à procura dos clientes e às tendências emergentes. Este termo, que assume hoje um lugar de destaque no setor, pode abranger diversos aspetos, desde a política de preços e condições de pagamento, regulamentos, o uso de tecnologia, até à diversificação de produtos e serviços oferecidos.
Empreendimentos que apostam num design inovador, na flexibilidade do espaço para vários tipos de uso, na eficiência energética e cumprimento de metas ambientais, estarão no topo das prioridades do mercado.
É sabido que, o sucesso e a sustentabilidade a longo prazo no setor imobiliário, relaciona-se com a sua capacidade de se adaptar às novas exigências da procura e de mostrar abertura para novos modelos e práticas. A flexibilidade será, assim, crucial para garantir o valor dos ativos no médio-longo prazo.
A ideia de partilhar espaços está a revolucionar a forma como as pessoas vivem e trabalham e, consequentemente, a transformar o mercado imobiliário, que procura oferecer soluções flexíveis e inovadoras, promovendo comunidades e soluções criativas, para as exigências da vida contemporânea, sobretudo nos centros urbanos. Estes espaços de partilha permitem também responder àqueles que procuram uma vida mais conectada, significativa e com um sentido de pertença.
O modo como as novas gerações concebem o trabalho está a provocar alterações nas rotinas e nos espaços e esta mudança interessa às empresas, mas também aos players do setor imobiliário.
O flex working, assente em conceitos como o flex office, coworking, escritórios privados integrados em espaços comuns/partilhados, business lounges, entre outros, oferecem mais do que uma secretária e internet: estes espaços são uma alternativa flexível e económica aos escritórios tradicionais, além de muitas vezes fornecerem comodidades modernas. Além disso, proporcionam a interação entre empresas e pessoas que se transformam em hubs de inovação, networking e colaboração, impulsionando o sucesso dos profissionais que os utilizam.
De facto, com a explosão do trabalho remoto ou do modelo híbrido, os espaços de trabalho partilhados multiplicaram-se, sobretudo nas grandes cidades, respondendo também a um outro fator essencial no momento de escolher o(s) escritório(s) para a empresa: localização! Os colaboradores e as empresas procuram, cada vez mais, boas localizações que permitam deslocações mínimas, e espaços que proporcionem bem-estar e que sejam apelativos.
Atualmente, a flexibilidade e a localização são, sem dúvida, dois fatores fundamentais. Nesse sentido, vale a pena fazer uma breve referência a outra tendência para os próximos anos: a alocação de escritórios em bairros residenciais, possibilitando um rápido deslocamento dos colaboradores para o ambiente de trabalho. Sabemos que um dos grandes problemas de muitas cidades é o trânsito, pelo que essa mudança de localização dos escritórios pode tornar-se num facilitador para muitas pessoas e, ainda, um impulsionador da economia local/bairro.
Enquanto o flex working, redefine o ambiente de trabalho, o conceito de flex living, ou flex stay, transforma o modo como as pessoas habitam os espaços. Inspirado na ideia de comunidade, este tipo de habitação, oferece uma alternativa moderna e económica ao tradicional modelo de arrendamento.
O conceito de flex living, onde se arrenda um apartamento mobilado, com muita flexibilidade nos prazos dos contratos, inclui ativos de:
Esta forma de viver permite uma grande adaptabilidade às cidades, enquanto promove o sentido de pertença a um grupo e contribui para uma poupança financeira, uma vez que os custos são, também, partilhados. Os contratos de arrendamento podem ser mais curtos (três meses, seis meses, conforme a necessidade), não existe uma preocupação constante na procura de serviços (serviços de limpeza, comunicações, ginásio) pois os mesmos são oferecidos de antemão pela entidade gestora do espaço e não existe um compromisso como aquele que é assumido na compra de uma casa ou no arrendamento tradicional.
Este conceito é ideal para nómadas digitais, mas também para quem quer ficar por alguns meses numa cidade, ou apenas procura um espaço para viver em comunidade. Estas soluções são procuradas, essencialmente, por jovens adultos e por pessoas após a idade da reforma.